quinta-feira, 14 de março de 2013

Hora má

Olá,

como um blog não é só para falar de coisas boas, hoje decidi desabafar um bocadinho com vocês.
Desde que este problema de saúde me aconteceu que já tive dois ataques de pânico.
Só vos posso dizer, é a pior sensação do mundo. Queremos correr, fugir, engolir o mundo! Por momentos senti-me completamente perdida e não havia nada nem ninguém que me pudesse ajudar, só os calmantes que meti no bucho. Nem vontade de chorar me deu, só mesmo esconder-me do mundo, correr sem parar, respirar todo o oxigénio da terra.
O primeiro foi na última sessão de quimioterapia. Estava tudo a correr bem até que a enfermeira disse à Inês, minha amiga, para se afastar um bocadinho de mim pois estava em idade fértil e não convinha respirar aqueles químicos. Eu feita parva virei a cara para lá... Não os podia respirar também, pensei eu inocentemente. Não podia respirar químicos que me estava a entrar na veia.
Tiraram-me o chão.Já tinha passado por tanto e bastou este comentário inocente da enfermeira para eu tombar. E tombei mesmo!
Vim embora a fazer por tudo para me acalmar e disse à Inês que precisava dormir. Ela deixou-me em casa e foi embora.
Eu não dormi. Fechei os estores e deitei-me no escuro durante horas. Nem consigo descrever os pensamentos de que passaram pela cabeça durante esse tempo. Os calmantes pareciam não querer fazer efeito e só me apetecia era fumar. A sorte é não ter tabaco em casa já que deixei de fumar.
Horas mais tarde o Ricardo telefonou-me e finalmente comecei a chorar. Depois fui para casa da minha mãe. Deitei-me na cama dela, abracei a minha filha e adormeci . No dia seguinte já me sentia melhor.
Acho que não dei a importância devida a este episódio.
Secalhar devia ter falado com a médica mas encarei o facto como normal e decidi não pensar muito mais nisso.
Porém repetiu-se numa manhã super normal.
Foi na altura das mudanças. Tinha tirado folga pois tinha montes de coisas para fazer e era suporto o pai da Ema vir busca-la. Atrasou-se imenso o que gerou logo discussão de manhã. Tive que me despachar rápido e no meio de tanta confusão deixei cair um frasco de verniz na casa de banho que se despedaçou em mil bocados no chão da casa de banho. Escusado será dizer que era verniz por todo o lado.
Olhem, comecei logo a arfar e a olhar para todo o lado. Estava sozinha em casa, de pijama e mesmo assim tive que me controlar para não abrir a porta e começar a correr. Fui logo tomar os calmantes e deitar-me um bocadinho. Isto não podia estar a acontecer-me outra vez. Tinha tantas coisas para fazer. Decidi vestir-me e sair. Mal cheguei ao carro desatei a chorar.
Mas tinha que ser... tinha que seguir com a minha vida. E assim foi! Fiz o que tinha a fazer e só à noite parei para pensar no que me aconteceu.
Desabafei com a minha mãe que me aconselhou a falar com médica. É o que vou fazer....
E porque é que vos estou a falar disto hoje?
Estou com medo que aconteça um terceiro.
O dia da consulta aproxima-se e eu estou cheia de medo. Tenho medo que o tumor tenha voltado, tenho medo que as células malignas tenham passado para outros órgãos. Tenho muito medo!
E depois parece que é impossível não pensar nisso.
Enfim, logo se vê!

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